sábado, 19 de novembro de 2011

Investimento público na Ciência


Em tempos de crise, Gonçalo Vieira, professor no Instituto de Geografia e Ordenamento do território e Coordenador do Programa Polar Português fala sobre o financiamento público de 100 mil euros para a missão portuguesa à Antárctida.

Deixo aqui a entrevista feita pelo Correio da Manhã ao professor.

Correio da Manhã - Como se explica o financiamento de 100 mil euros para uma investigação na Antárctida em tempos de crise?

Gonçalo Vieira - É um valor alto para a vida de qualquer um de nós, mas cientificamente vai ter um retorno muito importante. É a primeira vez que vamos para a Antárctida pelos próprios meios. É um conjunto de expedições, de vários investigadores, que vão ficar integradas nas bases de outros países durante quatro meses.

- Que retorno pode trazer para Portugal?

- Temos projectos que estão a começar agora e outros, já antigos, com dimensão a longo prazo, que não devem ser interrompidos. Cientificamente, representa um custo mínimo, tanto que há outros projectos que custam milhões de euros.

- Comentou que um investigador na Antárctida pode custar 800 euros por dia?

- Repare, já chegámos a ficar um mês, a mês e meio, nas bases de outros países e nunca nos pediram contas. É um enorme esforço dos outros países, que prescindem de lugares para investigadores deles para nós podermos desenvolver os nossos trabalhos. Se não houvesse uma qualidade muito grande, isso não aconteceria.

- Terá implicações no Tratado da Antárctida?

- Poderá ter. Com uma presença mais frequente e consolidada, e perante a qualidade internacionalmente reconhecida das nossas investigações científicas, Portugal pode, caso as autoridades políticas assim o entendam, assumir outro papel do que o de país observador.

- Qual a área de investigação dos projectos portugueses ?

- Todos têm uma relação com as alterações climáticas e as suas consequências.

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